Polêmica
Reitoria define nova superintendente do Hospital Escola
Carolina Ziebell foi nomeada ontem pelo DOU, mas grupo pede eleições consultivas para o cargo
Carlos Queiroz -
Será nomeada nesta terça-feira (11) a professora Carolina Ziebell, da Faculdade de Medicina (Famed), como superintendente do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel). A exemplo do implementado pela gestão de Pedro Curi Hallal na universidade, o cargo máximo do HE foi definido pela reitoria, sem a realização de eleição entre os servidores.
Apesar disso, um grupo composto por 20 pessoas, intitulado Comissão dos Trabalhadores por Democracia e Entidades Representativas, com integrantes dos sindicatos dos Docentes (Adufpel), dos Servidores (Asufpel) e Servidores Federais (Sindiserf), além do Diretório Central dos Estudantes (DCE), organizou um plebiscito simbólico para a segunda e a terça-feira da semana que vem. Insatisfeito com a forma de escolha para a superintendência do hospital, o movimento quer que servidores do HE opinem se preferem a eleição para o cargo ou nomeação via determinação da reitoria.
Conforme o estatuto da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal que administra o HE, a nomeação da superintendência, que posteriormente define os demais cargos diretivos na unidade, se dá por indicação da reitoria. No entanto, durante a gestão de Mauro Del Pino, que antecedeu Pedro Hallal, foram realizadas eleições consultivas para o comando do hospital, a exemplo do que acontece para a própria reitoria.
Há 26 anos no HE, Francisco Ferrari compõe este grupo que pede por eleição direta para a definição da superintendência alegando a necessidade de democracia. Segundo Ferrari, a comissão elaborou um abaixo-assinado que coletou mais de 400 assinaturas. Ainda de acordo com ele, o movimento já tentou diálogo com a reitora Isabela Andrade para o retorno das eleições consultivas e diz permanecer aberto a conversas sobre o tema.
“Eles não querem fazer, querem indicar para o HE. Eles têm os argumentos, que não convencem, de o hospital 100% SUS ter o risco de alguém ter a ideia de privatizar, o que não vai acontecer porque o estatuto não permite. Dizem que têm medo de perder a mão no HE, que é um local estratégico. Mas toda a universidade é estratégica”, argumenta.
A nomeação de Carolina Ziebell como superintendente do HE tenha sido publicada ontem no Diário Oficial a União (DOU), mas desde novembro ela participa da transição do cargo antes ocupado por Samanta Madruga deixou o cargo, em novembro. Para Ferrari, a saída da antiga superintendente e da chefia de enfermagem ilustraria o que considera “mau ambiente” da instituição.
“O Hospital Escola hoje não é um ambiente bom de trabalhar. Existe uma tensão muito grande, o pessoal não se sente representado e grande parte das chefias não é do hospital, vêm de outras unidades da UFPel. Cria uma situação de falta de pertencimento ao local”, opina.
Outras instituições
A pressão por votação no HE tem entre os argumentos de seus defensores exemplos de hospitais vinculados a universidades federais do Estado que fariam eleições, como em Rio Grande e Santa Maria, além de outras unidades vinculadas à própria UFPel. Por conta dos entendimentos distintos entre grupos dentro do HE e UFPel, a nomeação para o cargo no hospital ganhou contornos políticos, inclusive com uma queda de braço que colocou Ebserh e reitoria de um lado, com parte dos servidores da UFPel e Famed do outro.
Última superintendente do HE eleita, em 2013, a atual diretora da Famed, Julieta Fripp, deixou o cargo em janeiro de 2017. Foi exonerada pela reitoria cinco meses antes de concluir o mandato. “Acabaram com a democracia [no HE]. Acho uma péssima conduta. Os reitores também são escolhidos por uma eleição informal e todos os cursos da UFPel têm eleições, inclusive o Hospital Veterinário”, reclama. A professora sustenta que uma eleição garantiria maior interlocução. “Se tu tens um superintendente eleito pela base, ele não vai trabalhar a serviço do reitor, mas dialogando com todas as partes.”
Discussão foi ampla, diz reitora
Isabela Andrade defende a nomeação de Carolina Ziebell. A reitora cita como exemplo a Chapa UFPel Diversa, que venceu a eleição para reitoria, mas devido à interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) acabou não sendo nomeada. Segundo ela, a posição do grupo em favor da nomeação da superintendência do HE era conhecida desde o processo eleitoral da universidade.
“O assunto foi ampla e exaustivamente debatido no democrático, rico e ainda recente processo de consulta informal realizado junto à comunidade universitária destinado à formação da lista tríplice para a escolha do reitor da UFPel. A posição da então chapa UFPel Diversa não deixava qualquer dúvida acerca de seu entendimento de como deveria ser tratado este tema”, aponta. “Foi escolhido este rumo que se orienta pela manutenção de uma forma responsável, participativa e sempre eficiente de fazer gestão, com vistas a aprimorar o Hospital Escola da UFPel/Ebserh, ampliar sua atuação e ofertar à nossa comunidade um serviço cada vez mais humanista e de qualidade”.
Procurada pela reportagem, a atual superintendente do Hospital Escola, Carolina Ziebell, preferiu não falar sobre o assunto.
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